quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quem vai ganhar com a copa de 2014?

Agora oficialmente vamos receber a copa de 2014! O país do futebol e da pobreza agora fala da copa como a solução de seus problemas. A famosa união do util ao agradável, um amor pelo futebol aliado a um clima favorável para novos investimentos e consequentemente um maior crescimento econômico.

Obviamente já se pode escutar vozes que dirão "não entendo como um país com tantos problemas sociais gasta tanto dinheiro na construção de estadios. Esses recursos deveriam ser alocados em obras com maior retorno social, como construção de casas populares..."

O contra argumento normalmente vem do lado da economia : "esses investimentos em infra-estrutura gerarão uma série de empregos e aumentarão o PIB nacional, por fim as pessoas mais pobres, envolvidas diretamente ou indiretamente no projeto, terão adquirido recursos para construir sua casa, não precisando de uma ação paternalista do governo brasileiro"

A dúvida nesse ponto é: quem de fato se beneficiará com o evento aqui no Brasil? os pobres? a FIFA? a CBF? Ricardo Texeira ? kkk ( brincadeira esse ultimo) - Seria a copa um momento oportuno para o Brasil iniciar um circulo virtuoso, no qual um ano de crescimento seria responsável por varias anos de crescimento sustentável?

Estima-se que a Copa pode ter adicionado 0,6% ao PIB japonês, e 2,2% ao sul-coreano, contudo os economistas alemãs Karl Brenke e Gert Wagner demonstraram, que as expectativas econômicas em relação ao Mundial de 2006 eram completamente exageradas. "A Copa é um evento simplesmente pequeno demais para influenciar o crescimento econômico. O Mundial foi uma bela festa, nada mais", disse Wagner.

Na Alemanha os investimentos feitos durante os preparativos da copa representaram apenas 0,2% a 0,7% do PIB e os verdadeiros ganhadores foram a FIFA e a Federação Alemã de futebol que receberam 180 e 21 milhões de euros, respectivamente.

Fica evidente que devemos dá um desconto, pois tudo indica que a Alemanha precisava de menos investimentos em infra-estrutura que o Brasil, contudo serve para sinalizar quem serão os principais beneficiados do evento em 2014, servindo para ponderar os argumentos em defesa dos efeitos econômicos diretos e indiretos da copa no país do futebol

http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2449598,00.html

http://www.estadao.com.br/esportes/not_esp72864,0.htm

sábado, 27 de outubro de 2007

Capital Nascimento e o mercado de drogas carioca

Assistir tropa de elite e ver todas as ações do, agora famoso, Capitão Nascimento contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro é no mínimo comovente. É intrigante ver nossa classe média queixar-se da violência sofrida nas ruas, da marginalização das classes menos favorecidas e até mesmo da agressividade dos nossos policiais e ao mesmo tempo demandar os bens oferecidos pelos traficantes do nosso país. É manifestar-se sobre algo que você inconscientemente (na maioria dos casos) ajudou ocorrer.

É inegável que o poder dos traficantes está intimamente ligado com a rentabilidade de seu negócio e assim podemos abrir um parêntese em toda essa discussão envolvendo o polêmico filme e nos perguntar: "Capitão Nascimento de fato ajuda a reduzir o poder do tráfico?"

Vejamos primeiro a estrutura desse mercado.

De forma bem simplista podemos dizer que do lado da procura temos uma demanda altamente inelástica, ou seja, mesmo que os preços aumentem a quantidade demandada não se reduz consideravelmente.

Do lado da oferta, temos uma estrutura de Oligopólio, na qual tudo indica que a estratégia de não-cooperar é de fato dominante (basta analisar como se tratam esses grupos) De qualquer maneira os traficantes tem poder de mercado e podem influenciar na determinação dos preços dos bens oferecidos (nesse caso podemos usar uma nomenclatura diferente: os "males" oferecidos)

Daí tem-se que os traficantes elevam os preços e a demanda continua relativamente alta. Eles maximizam o lucro através de seu poder de mercado! Escolhem os preços que maximizam a rentabilidade de seu empreendimento. E esse lucro gerado será o meio de troca para obtenção das armas e equipamentos necessários para manter o bom funcionamento do complexo.

Agora chega a vez de Capitão Nascimento ( já posso ouvi-lo dizer: "já avisei que isso vai da merda")

Qual seria o impacto da morte de Baiano no mercado de drogas do Rio de Janeiro? Ainda considerando a estrutura simplista que criamos, vemos que matar o traficante baiano é destruir as atividades de uma das empresas que compunha o Oligopólio, contudo a demanda muito provavelmente não sofrerá grandes variações. Assim mantido os preços das drogas, os traficantes restantes receberão um positivo aumento da demanda - serão os antigos clientes do Baiano.

É como se a curva de demanda se deslocasse positivamente para cada uma das empresas que sobrevivem no mercado (ou ao BOPE). Esse aumento da demanda é revertido em lucro e logo se aumenta o poder do tráfico. No extremo teríamos um monopólio incrivelmente forte economicamente, e no caso particular desse mercado, militarmente.

Ou seja, deveríamos apoiar as ações do BOPE ou estudar maneiras mais eficientes de reduzir a demanda e consequentemente matar o mal pela raiz?

A pergunta: "Nós seremos capazes de reduzir essa demanda?"
Resposta do Capitão Nascimento: "NUNCA SERÃO"